Na casa, o coração era a lareira
e perto, eu descansava os pés gelados.
Não pude achar lembrança mais acesa:
lareira e pés. Sorri - fechava os olhos.
A vista curta de visão extensa - fogo;
a visão curta da vida extensa - negro.
As pálpebras contidas soluçavam.
Lá fora o vento frio uivava assombro.
Os olhos refletiam as labaredas,
as lágrimas ardiam manchas negras.
O fogo era maior fora de mim...
me lembro muito bem que há tanto fora.
Um dia foste parte do brinquedo.
É mesmo séria a história sobre os anjos?
Não posso dormir mesmo sem camisa?
O fogo me guardava - era preciso.
E tinha duas sombras o tapete.
Que voz ouvi atento, e fiquei quieto.
Que as asas não comportam ser tão leve,
os anjos não têm corpo e nem têm forma:
Que quando neste mundo quem precisa
amparo e afeto nos teus ombros
e só por isto torna-te alegria
e a alma é como um fogo que não queima,
um anjo tomou conta do teu corpo
e fez pousada. E dele são teus atos.
Mas anjos não têm asas, é verdade,
portanto não se pode haver quem tolha.
E vai-se embora em busca de outro vivo.
(Mas dizem que, não raro, ele demora
o tempo que demora a vida inteira;
a etérea substância se confina).
Jaumir Valença da Silveira
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4 comentários:
Estou a ver que tem andado bastante ocupada a embelezar o seu blog, está muito lindo parabéns!!!
Obrigada....
É bom saber que não se esqueceu dos colegas de curso!!!
Um abraço, fique bem...
Ao ver hoje o seu blog, apercebi-me de que jà estou desatualizado. Já me esqueci da maior parte das coisas que aprendi. Falta de prática, è óbvio.
O seu blog, está muito interessante, gostei de o visitar. Parabens!
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